Vereador Felipe Alecrim promove audiência pública para debater a crise na saúde do Recife


Na manhã da quarta-feira (7), o plenarinho da Câmara Municipal do Recife foi palco de um importante e necessário debate: a situação da saúde pública da capital pernambucana. A audiência pública foi uma iniciativa do vereador Felipe Alecrim (Novo) e reuniu parlamentares, especialistas, lideranças comunitárias e representantes de entidades ligadas à saúde e aos direitos de pessoas com doenças negligenciadas e condições raras.

A proposta da audiência foi dar voz aos que mais sofrem com a ineficiência do sistema de saúde municipal e cobrar soluções concretas da Prefeitura do Recife. Participaram do encontro representantes do Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas, do grupo Vivendo com Autismo, da Associação Brasileira da Síndrome de Williams, além de usuários e familiares de pessoas que dependem da rede pública de saúde.

Dados alarmantes e denúncias de abandono

Ao abrir a audiência, o vereador Felipe Alecrim apresentou dados que escancaram o colapso do sistema:

“Mais de 34 mil usuários deixaram de ser atendidos nas Policlínicas e Unidades de Saúde da Família nos primeiros quatro meses deste ano. São milhares de cidadãos que enfrentam consultas canceladas, falta de profissionais, ausência de insumos básicos e filas injustas. Aproximadamente 20% da população recifense está sem cobertura adequada da saúde básica, e não há cronograma oficial para construção de novas unidades nem nomeação de profissionais”, denunciou o parlamentar.

Felipe destacou ainda que o objetivo do encontro era transformar as falas em ações legislativas concretas, com encaminhamentos formais, requerimentos e fiscalização, assegurando que cada voz ali fosse ouvida e levada em consideração.

Vozes da sociedade civil: realidade e resistência

A audiência contou com depoimentos comoventes e firmes. Poliana Medeiros, do Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas, chamou atenção para a precariedade no tratamento de doenças como hanseníase, tuberculose e leishmaniose. Segundo ela, os pacientes enfrentam o drama de se deslocar por longas distâncias com feridas abertas, devido à falta de curativos especializados em unidades básicas.

Mônica de Lucena, do grupo Vivendo com Autismo, exibiu um vídeo com protestos de mães atípicas e cobrou mais efetividade no atendimento às crianças autistas. Em sua fala, destacou:

“Vamos parar de romantizar o autismo. Estamos cansadas. Precisamos de políticas públicas reais. Se as famílias atípicas não participarem, nada sai do papel.”

Igor Moraes, da Associação Brasileira da Síndrome de Williams, expôs a invisibilidade das pessoas com essa condição. Ele propôs a criação de uma carteira de identificação para portadores de doenças raras, como já acontece em outros estados, para facilitar o acesso a direitos e serviços.

Eliz Mendonça, paciente com lúpus, trouxe à tona a ausência de protetor solar na rede pública, um insumo essencial e que funciona como medicamento para quem convive com a doença. Segundo ela, a negligência coloca vidas em risco diariamente.

Encaminhamentos e compromisso com a fiscalização

Ao final dos debates, o vereador Felipe Alecrim reforçou que cada relato será transformado em ação parlamentar, com requerimentos sendo protocolados e fiscalizações in loco.

“A saúde precisa sair dos discursos e entrar na prática. Essa audiência não é um fim, mas um começo. Vamos cobrar da Prefeitura, fiscalizar as unidades e continuar ouvindo a população. O que foi dito aqui será levado a sério e terá retorno”, afirmou.

O evento contou também com a presença dos vereadores Eduardo Moura (Novo) e Aleff Collins (PP), que destacaram a importância de escutar a população e fortalecer o papel das famílias e associações na construção de políticas públicas de saúde.

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